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Os novos planos da tecnologia - Siemens

Para enfrentar a queda em alguns de seus setores, limpar os erros do passado e se adaptar às novas exigências de mercado, a multinacional alemã investe em digitalização e transparência!



Quando a multinacional alemã Siemens foi criada, em 1847, a primeira Revolução Industrial mal havia se consolidado. Não havia sequer lâmpada elétrica. Nem mesmo o icônico livro de ficção científica “A Máquina do Tempo”, do escritor inglês H.G. Wells – que brincava com os conceitos de futuro e novas tecnologias –, havia sido escrito, o que só aconteceu 40 anos depois. Desde sua fundação, a Siemens já passou por três revoluções industriais. Hoje, a aposta da gigante alemã é na máxima que, para ser uma indústria relevante nos novos tempos, é preciso ser também uma empresa de tecnologia. Um sinal dessa preocupação é o aumento de 40% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento entre 2014 e 2017, passando de 4% para 6% da receita líquida, totalizando € 5,2 bilhões (o equivalente a mais de R$ 20 bilhões). A companhia mantém mais de 23 mil colaboradores desenvolvendo programas de computador dentro de casa, rivalizando com alguns dos maiores ícones do setor de software no mundo.


Ícone do setor elétrico na Era Industrial, a Siemens seguiu forte nessa posição no século 20, até perceber a necessidade de se adaptar às demandas dos novos tempos, como a das energias renováveis. O investimento mundial em energia renovável em 2016, de US$ 316 bilhões (mais de R$ 1 trilhão), foi quase três vezes maior que os US$ 117 bilhões (ou R$ 377 bilhões) investidos em energia fóssil, de acordo com estudo da International Energy Agency, organização intergovernamental que analisa o setor. Com os custos com energias solar e eólica ficando mais atrativos que os de origem fóssil, Siemens e seus antigos competidores precisaram acrescentar a palavra da moda, “disrupção”, em seus vocabulários centenários. É preciso mudar para continuar.


E a mudança da Siemens, amparada pelo plano Vision 2020, tem mirado em duas frentes: primeiro, em uma reorganização interna, que prioriza a estrutura de empresas independentes em setores como energia eólica, saúde e transporte. Em março do ano passado, a companhia alemã e a espanhola Gamesa receberam aprovação de autoridades antitruste da União Europeia para criar o que será uma das maiores fabricantes mundiais de turbinas eólicas. A fusão combina a experiência da empresa alemã em energia eólica com a presença da Gamesa em mercados emergentes – dentre eles, o Brasil.


A segunda frente é a das tecnologias de digitalização industrial, que tem a plataforma MindSphere como carro-chefe. A plataforma junta dados de dispositivos diversos, analisa a informação e a utiliza para ajudar os clientes a desenhar produtos mais rapidamente. É um sistema operacional aberto para a Internet das Coisas (IoT), baseado em nuvem, que permite conectar máquinas e infraestruturas físicas ao mundo digital. No Brasil, o sistema foi lançado em junho do ano passado e já é utilizado pela Eletrobrás. O contrato, de R$ 200 milhões, assinado pela Siemens e por outras empresas participantes de um consórcio, prevê desde o fornecimento de medidores inteligentes até o desenvolvimento da infraestrutura de comunicação e do centro de gerenciamento da medição. Segundo Roland Busch, diretor global de tecnologia e responsável pela estratégia de inovação da Siemens, o objetivo é reduzir em 50% o nível de perdas não técnicas, causadas por ligações clandestinas e inadimplência, estimadas em US$ 150 milhões de dólares (cerca de R$ 484 milhões).


As novas tecnologias incluem ainda as simulações digitais de equipamentos físicos (os chamados gêmeos digitais), conceito futurista que simula o ciclo de vida completo do produto, unindo os mundos real e virtual. A Siemens foi uma das primeiras fornecedoras de software a reconhecer o valor de aplicar a estratégia de gêmeos digitais de forma ampla nas organizações, para além do design e da engenharia, segundo relatório de Jeffrey Hojlo, analista da IDC, empresa de pesquisas e análises. “Temos visto um interesse crescente dos fabricantes em gêmeos digitais, em pelo menos entender como funcionam e em como podem ser aplicados aos negócios, do design ao desenvolvimento da cadeia de suprimentos e da manufatura”, observa. Os negócios digitais já representam 7% das vendas da Siemens. São 1 milhão de dispositivos e sistemas conectados em todo o mundo em 2,9 mil clientes, o dobro do ano passado.


Para o Brasil, segundo o CEO global da companhia, a meta da empresa é dobrar a receita até 2020, chegando a aproximadamente R$ 10 bilhões. “Dobrar a receita em um país com tanto potencial deveria ser a meta de qualquer empresa e esse objetivo está mantido”, disse Kaeser durante o Innovation Day. No País, as operações globais da Siemens geraram um valor acrescentado bruto de R$ 20,2 bilhões em 2015, o equivalente a 0,4% do PIB (Produto Interno Bruto) naquele ano. Os principais setores de atuação da companhia são infraestrutura de transportes e de energia; e as indústrias automotiva, química, alimentos, bebidas, papel e celulose. Mas a expectativa é, de acordo com os executivos, aumentar a receita com digitalização dos processos, seguindo a tendência global.


Em todo o mundo, enquanto a Siemens aumenta os investimentos em novas tecnologias, os gastos com o que antes eram o principal negócio da companhia – energia elétrica e gás – já começaram a ser reduzidos. A multinacional anunciou o corte de quase sete mil empregos, ou 2% da força de trabalho, principalmente nas áreas com os piores desempenhos. Até o fim do ano passado a Siemens contava com 372 mil empregados.

Apesar dos cortes de empregos e do impacto social que isso representa, a companhia alemã fechou 2017 celebrando resultados: a receita aumentou 4% em relação ao ano fiscal anterior, atingindo € 83 bilhões (R$ 268 bilhões). Os dividendos por ação aumentaram €0,10, chegando a € 3,70 (quase R$ 12,00), enquanto a americana GE, uma de suas principais concorrentes, precisou cortá-los em 50% no terceiro trimestre de 2017. Segundo a Siemens, o lucro da divisão de negócios industriais, que inclui automação e mobilidade, aumentou 8%, compensando as perdas na divisão de Energia e Gás. “A maioria das divisões está mais forte e preparada para a era digital. No entanto, temos que abordar questões estruturais em algumas delas. Há muito trabalho pela frente no ano fiscal de 2018”, conclui Joe Kaeser.



Fonte: Istoé Dinheiro - www.istoedinheiro.com.br

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